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quarta-feira, 26 de maio de 2010

LEMBRANÇAS DA VOVÓ DINHA


Acordei-me como de costume quatro e trinta minutos desta manhã maravilhosa.
Fui para trás da casa onde tem um alpendre com o propósito de falar sobre a minha inesquecível avó.
Éramos, em um mil novecentos e sessenta, uma família de quatro pessoas.  Papai Sílvio, Mamãe Rosina,
meu irmão João com síndrome de dwon e eu o recem chegado.
                     Segundo a minha genitora, era muito difícil administrar aquela situação.
                     Foi então, que vovó entrou na minha vida para nunca mais sair.
                     Vovó me levou para a sua casa na cidade do Ingá do Bacamarte e começamos todos nós (eu,vovó,Maria, (bubu) e Das dores, ambas secretariavam a enorme casa que ocupa até hoje, a metade de um quarteirão. vivenciarmos a vida.
                     Fui tratado com muito mimo.
                     Os dias se passaram em idas para Campina e vindas para o Ingá.
                     Vovó, era uma mulher baixinha e enérgica.
                     Além de costurar  para a alta roda da cidade do Recife, administrava a fazenda Oití. Segundo
ela, adquirida com os rendimentos da costura.
                     Vovó ficou viúva muito cedo e nunca mais casou,  apesar das insistentes propostas, dizia ela.
                      Sempre gostei de me acordar cedo, mesmo  na época de estudante.
                      Antes que chegasse as cinco da manhã, levantava, fazia o aceio matinal e dirigia-me para a cozinha.
                     Um fogão à lenha do lado direito, já estava à postos, eram seis bocas fumegantes cozinhando do leite ao pão de milho (cuscuz).
                     Vovó  feito uma lançadeira, orientava bubu e Das dores.
                     Não deixem faltar nada meninas, pois passaremos o dia.
                     Esta frase última, implicava que iríamos passar o dia na fazenda.
                     Duas vezes por semana vovó escolhia para dar uma olhada nas terras e no gado.
                     Era uma segunda-feira.
                    O motorista Manuel Félix, nos cumprimentou com um bom dia, entrou na garagem e começou os preparativos: água no radiador, verificação do óleo, uma batidinha nos pneus, um pano húmido no para-brisa e todos dentro do JEEP, rumo à fazenda.
                    Aquilo era excelente, eu ia às nuvens.
                    Lembro como se estivesse lá agora, saíamos da casa ovacionados pelos vizinhos em acenos de despedida, parecendo que íamos viajar.
                    Entravamos na rua da ponte, também conhecida como rua aberta, até hoje não sei o porque o pseudónimo, pois o nome da citada era outro, lembro bem.
                    Na metade da longa rua, entravamos à esquerda, entrando na rua do emboca, emboca de entrar, isso mesmo. E, ao embocarmos no imboca (como pronunciavam os moradores) era uma " loucura ". As crianças saiam correndo ao lado do JEEP gritando, êêê! chegou dona Dinha, êêê...  Vovó retribuia acenando.
                    As vezes tecia algum comentário quase imperceptível como: êta povo carente e o prefeito não faz nada.!
                    Ao chegarmos no início da ladeira íngreme, Manuel Félix, passava a primeira marcha para suportar a subida.
                    Aí era que a coisa ficava interessante.
                    A criançada subia na traseira, nos estribos laterais, gritando:  dona Dinha, dona Dinha...  Vovó ficava super nervosa dizendo: menino, desce daí, você pode cair, sai, sai.
                    Eu ria até a barriga doer. Vovó ficava mais irritada e me advertia.
                    Enfim, chegávamos à fazenda. Era formidável! Como não bastasse as pessoas que subiam a ladeira nos acompanhando até a casa da fazenda, outras dezenas, nos esperava lá embaixo.
                    Era colocado o café numa enorme mesa rodeada por quatro bancos enormes, todos que ali estavam participava do banquete.
                    A seguir, formava-se três enormes filas indianas. Uma com homens, outra com mulheres e a ultima só de criança, era criança que não acabava mais.
                    Para os homens; trabalho. Para as mulheres; trabalho e vestidos. Para as crianças a tarefa de "apanhar" seixos de pedras e amontoá-las no recanto lateral da casa, estilo colonial.
                    Enquanto todos se esmeravam nas tarefas, eu e Joel o filho do vaqueiro Severino(Biu), montávamos nos belos cavalos e vovó no burro chá preto, apelidado por ela por ser o próprio, preto.
                    A tarefa de vovó, era conferir o gado do outro lado da serra, confinado lá para a engorda e posteriormente à venda para o abate.
                    Eu e Joel subíamos a serra na certeza que, ao chegarmos do outro lado, a diversão estava garantida. Um açude nos esperava para tomarmos banhos intermináveis e duas varas para pescar feitas de marmeleiros,  confeccionadas pelo caboclo Geraldo de Genaro.
                    Vovó retornava como de costume as onze e trinta, pois gastávamos meia hora para a subida.
                    Na maioria das vezes eu implorava a ela para fiar por lá até à tarde, num irritante deixa vó, deixa vovó querida, eu te amo e ...  
                    Vovó "acabava" cedendo acompanhado de um sermão, não pode isso, não pode aquilo...
                    Eu fazia os podes e todos os não pode.
                    O melhor de tudo, era a pescaria. Todos levavam algum peixe, menos eu. Nunca entendi!
                    Hora de almoçar, gritava dona Umbelina mãe de Geraldo. Eles eram moradores da fazenda.
                    A casa era feita de taipa, humilde mas limpinha cheirando a coentro que vinha da panela de barro cheia de feijão de corda.
                   O peixe assado na brasa, excitava o meu ofato, esperando apenas para colocar em prática o meu paladar apurado.
                   Lavamos as mãos numa bacia de ágata branca  rodeada de flores azuis e enxugamos as mãos  num pano de saco de açúcar, alvinho como um capucho de algodão.
                   Sentamos todos em cinco tamboretes encardidos pelo tempo de uso, desembarcamos os pratos brancos de ágata e fomos colocando a comida. Feijão, farinha quebradinha, coentro, cebolinha verde, tomate picada, pimenta de cheiro e só.
piaba, curimatã e traíra, este último com bastante espinha tipo Y, engasgar-se com uma daquelas, era cavar a sepultura.
                   Foi ali, que aprendi que o pouco alimento à mesa não era problema, mas a falta dele é que era o verdadeiro problema.
                   Aprendi também, fazer cancão de feijão, não conhecem? Explico!
                   Junta o feijão com farinha, coloca na palma da mão e amassa até fazer um bolo homogéneo, por fim, molha um pouquinho no molho  feito com vinagre, cebolinha verde,  coentro e  tomate, aí é só comer.
                   Após saciarmos a fome, "tomávamos" à mão, um copo de ágata branco todo destacado, cheio de água barrenta, mas fria,  retirada há pouco da forma e tomávamos até encher o bucho.
Ao cair da tarde, retornávamos, eu e Joel à fazenda.
                   Já na descida da enorme serra, identificávamos as filas indianas mais uma vez.
                   Ao chegarmos à casa da fazenda, sabíamos o porque daquilo.
                   Os homens e as mulheres recebiam o pagamento pelo dia trabalhado.
                   As crianças recebiam uma certa quantia em dinheiro, pagos em moedas e algumas balas chamadas de rasga boca sabor gasosa. (Rasgava mesmo!)
                   Sem dúvida, todos desciam a rua do emboca satisfeitos.
                   Eles, por terem se alimentado melhor e ganhado alguns trocados. A minha avó por ter oportunizado aquele momento e eu, por presenciar tudo aquilo.
                   Minha avó repetiu aquele gesto até desfazer-se da fazenda,  por motivo de doença.
                   Foi um chororô danado naquela manhã de terça-feira enfrente a casa da fazenda.
                   Chamou todos os moradores do emboca para conhecer o novo proprietário, aconselhando a todos, que continuaria ajudando, mas doutra forma.
                   Alguns anos à frente presenciei algumas vezes,  sempre no sábado pela manhã, as pessoas formarem filas quilométricas para receberem sandálias,. calças, cortes de tecidos para camisa dentre outras doações.
                   Muitos falavam que ela fazia aquilo para um dia candidatar-se a prefeita. Vovó poderia ter feito o que pensavam, mas nunca quis.
                   Foi um ensinamento e tanto.
                   Na década de oitenta a sua matéria afastou-se desse plano, mas o espírito sobrevoa o meu ser através das lembranças.
                   P.S. Como sinto falta DELA e de PAPAI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
                   
                   Biagio Grisi


4 comentários:

  1. muito bom o texto, gostei demais. É veridico?

    Convido a conhecer o blog das coisas que crio

    www.ronaldoescrevendo.blogspot.com

    e de uma amiga de sala que tambem escreve

    www.tamisene.blogspot.com

    abs

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  2. Obrigado por encontrar-me e seguir-me, estou contigo e não abro.
    Quanto ao texto, foi vivenciado é REAL como a luz que nos clarea.
    Um abraço

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  3. Boa noite, amigo Biagio.
    Que lembranças maravilhosas... sua avó era apaixonante mesmo! Você falou do feijão com farinha. Lá em casa, a gente comia isso também. Era muito gostoso. Minha avó ou minha mãe, o moldavam, deixando-o com o formato de um quibe. Do lado de cá, o nome era "capitão". Capitão de feijão.

    Quero agradecer-lhe pelas visitas e pelos comentários, sempre gentis e afetuosos.

    Um grande abraço, poeta.

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  4. Seu conto me encheu de lembranças que até hoje me deixam cheinha de saudades. Eu, meus irmãos, primos e primas durante toda a infância e boa parte da dolescência, passávamos quatro meses do ano na fazenda. Era o tempo das férias. Tudo que você fidedignamente relatou acontecia por lá, também. Parabéns, muito bom te ler.

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