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domingo, 30 de maio de 2010

MUITAS MARIAS


Esta mulher tão Santa
Que no seu ventre, gerou Jesus
Foi escolhida por ser pura
E a ele dar a "luz".

O nome dela era Maria
Maria de Nazaré
Ou, Maria de Magdala
A esposa de José.

Lá, tinha outra Maria
A Maria pecadora
Que foi, quase apedrejada
Com toda tirania.
Agora  tem as Marias
Que Maria abençoou.
Maria da Conceição
Maria, o meu momô.

As Marias que viví
Marias que namorei
Tem Maria Beatriz
E Maria Valderez.

Margarida Maria Alves
A camponesa, que foi morta
Na cidade de Alagoa Grande
Alé sentada na porta.

Maria  Dapaz que implora
Maria da Anunciação
Mria que é só Maria
Maria da Consolação

Maria das Dores
Maria Violeta
Maria de tantas cores
Eu enxergo com clareza

Maria  de Lampião
Tem Maria da Salete
Marias da escravidão
E Maria Marinete

Tem Maria Joaquina
Maria Antonieta
Maria Josefina
Maria, de sobrenome Luneta.
                                            
Maria, tem muitas delas
É difícil enumerar
Marias que são donzelas
Marias, que não é bom comentar.

Espero, com estas Marias
Homenagear, todas que não citei
O mês está acabando
O mês de todas voces.
                                                          
Para, encerrar lembrando
Falo em Maria Auxiliadora
Memórias de uma simples Maria
É ela a escritora.

Um feliz final de mes de Marias.

Biagio Grisi (Autor)
                                                                                                    
                                                 
                                                            

                                                                                 

DESPEDIDA


Quando chegares, na hora
Da minha hora
E perguntares a mim
Se estou pronto,
Responderei simplesmente rindo
Estou sim, desde quando.

Se existe neste canto
Algum encanto
E eu possa contar
Com a ajuda sua,
Deixa-me seguir no madrugar
Quando deitado eu estiver
A luz da lua.

Dormindo, o meu corpo já descansa
E não cansa a Ti o transportar,
A alma que vai, não se espanta
Pois lá, me encontro  com os jáz.

A dor que dói
Não é de dor,
A dor que dói
É a da partida,
Deixar o meu amor
Sozinha, triste, esquecida.

Biagio Grisi (Autor)

AS MULHERES

As mulheres sempre souberam o que quiseram. Os homens é que realmente não sabem. Eles acham que sabem, mas não sabem. As mulheres acham que não sabem, mas sabem.
Autor (Ronaldo da Cunha Lima)

O FILHO DE MARIA

Maria de Magdala
Deu a "luz" a um menino
A noite foi escolhida
Numa terra abençoada.

Tres homens e tres camelos
Atrás, uma caravana
Entraram numa choupana
Após dois dias à esmo.

Uma criança nascida
Deitada na mangedoura
Lá no canto escondida
Próximo a uma vassoura.

O pai de nome José
Um eximio artesão
Casou-se com Madalena
Para cumprir a missão.

O nome a ele dado
Foi Jesus de Nazaré
O Rei dos Reis, aclamado
Por todos alí em pé.

Jesus, da sabedoria
Da fala no parlatório
Dos milagres que fazia
Desfazendo o embrólio.

O cego agora vê
NÓS APOIAMOS ESSA IDEIA


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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

quinta-feira, 27 de maio de 2010

LITERALMENTE NOS TRILHOS


                               Eu contava com dez anos de pura travessura.
Logo cedo eu estava de pé juntamente com mamãe. Ela colocava  água na chaleira preta de ferro fundido, passava manteiga Turvo nos pães e colocava numa grelha para assar. Enfim, deixava tudo prontinho com o carinho de toda dona de casa e mãe em particular.
                               Ela ia para o  tradicional banho matinal no enorme banheiro, onde perdi um  dente de leite ao jogar-me no chão molhado para escorregar, todo ensaboado.
                               Papai espreguiçava-se na cama, esperando o sinal de mamãe, para ir tomar o seu banho.                
                               Todos alimentados mamãe fazia as recomendações para dona Helena, que nos ajudava no dia a dia e aproveitava para fazer um sermão daqueles! Não vá prá rua, não suba no muro, etc.
                               Enfim, entravam no belo Aero Willys branco e desapareciam na ladeira da rua Jader Medeiros do Bairro Casa de Pedra.
                               Mamãe era funcionaria pública federal concursada do IAPETEC, hoje INSS. Vale a pena dizer que esta instituição antigamente tratava bem melhor a população que a procurava e os funcionários trabalhavam os dois expedientes. Hoje em dia, tudo é diferente!
                               Papai, era comerciário com vendedor de uma loja de móveis e eletro doméstico.
                               Eu fechava o portão da garagem, juntamente com dona Helena e entrávamos.
                               O meu irmão mais velho João, precisava de antendimento especial, pois era portador da Sindrome de Dwon.
                               Era a oportunidade para escafeder-me pelo portão do quintal, embrenhando-me no mato em direção da estação nova que ficava próximo. Chegando lá, já estavam a minha espera: Luizinho de Luiz soldado, Demóstenes de dona Alice da mercearia, Adão, filho do cabeceiro "cibito", Joab de dona "vidinha" e Everaldo de cabo Augusto. Everaldo era conhecido popularmente como o intelectual, desta turma o único que formou-se. Vejam bem "negro", "pobre" e filho de um "cabo da polícia", formou-se em MEDICINA ATUA ATUALMENTE NO SARA KUBITSCHEK EM BRASÍLIA.
                               A locomotiva já estava sendo preparada para engatar as dezenas de vagões e nós, só tinhámos que aguardar.
                               Quando o estridente apito da máquina era acionado, todos montavam-se no vagão a ser engatado, sempre preocupados com o fiscal ferroviário conhecido por "bigode", por ter o mesmo, um amontoado de pelos sobre o invisível lábio superior.
                               Eu resolvi que devia e podia apelidá-lo de vassourão. Isto me causou um sério problema, pois, denunciou-me ao meu pai que resolveu tudo com uma surra daquelas.
                               Enfim, os vagões era atrelado um a um aos outros. A medida que a fila de vagões aumentava, a locomotiva se afastava uns dois quilometros aproximadamente e nós dentro!
                               Até hoje ainda é assim, quando passo em frente ao quartel da polícia, os ônibus têm que parar para o trem fazer a baldeação.
                               A moral da história, era entrar em um vagão que tivesse restos de açúcar para ficarmos degustando e depois juntarmos o que desse dentro de uma sacola de tecido de algodão e levarmos para a mercearia de dona Alice e trocarmos por uma caçamba de alumínio cheia de picolé de côco ou maracujá. Nos esbaldávamos e depois, cada uma para suas casas.
                               Eu retornava ao domicílio, sendo advertido por dona Helena.
BONS TEMPOS!!!!!!!!!!!!
Biagio Grisi (Autor)
                            
                              
                              
                             

quarta-feira, 26 de maio de 2010

LEMBRANÇAS DA VOVÓ DINHA


Acordei-me como de costume quatro e trinta minutos desta manhã maravilhosa.
Fui para trás da casa onde tem um alpendre com o propósito de falar sobre a minha inesquecível avó.
Éramos, em um mil novecentos e sessenta, uma família de quatro pessoas.  Papai Sílvio, Mamãe Rosina,
meu irmão João com síndrome de dwon e eu o recem chegado.
                     Segundo a minha genitora, era muito difícil administrar aquela situação.
                     Foi então, que vovó entrou na minha vida para nunca mais sair.
                     Vovó me levou para a sua casa na cidade do Ingá do Bacamarte e começamos todos nós (eu,vovó,Maria, (bubu) e Das dores, ambas secretariavam a enorme casa que ocupa até hoje, a metade de um quarteirão. vivenciarmos a vida.
                     Fui tratado com muito mimo.
                     Os dias se passaram em idas para Campina e vindas para o Ingá.
                     Vovó, era uma mulher baixinha e enérgica.
                     Além de costurar  para a alta roda da cidade do Recife, administrava a fazenda Oití. Segundo
ela, adquirida com os rendimentos da costura.
                     Vovó ficou viúva muito cedo e nunca mais casou,  apesar das insistentes propostas, dizia ela.
                      Sempre gostei de me acordar cedo, mesmo  na época de estudante.
                      Antes que chegasse as cinco da manhã, levantava, fazia o aceio matinal e dirigia-me para a cozinha.
                     Um fogão à lenha do lado direito, já estava à postos, eram seis bocas fumegantes cozinhando do leite ao pão de milho (cuscuz).
                     Vovó  feito uma lançadeira, orientava bubu e Das dores.
                     Não deixem faltar nada meninas, pois passaremos o dia.
                     Esta frase última, implicava que iríamos passar o dia na fazenda.
                     Duas vezes por semana vovó escolhia para dar uma olhada nas terras e no gado.
                     Era uma segunda-feira.
                    O motorista Manuel Félix, nos cumprimentou com um bom dia, entrou na garagem e começou os preparativos: água no radiador, verificação do óleo, uma batidinha nos pneus, um pano húmido no para-brisa e todos dentro do JEEP, rumo à fazenda.
                    Aquilo era excelente, eu ia às nuvens.
                    Lembro como se estivesse lá agora, saíamos da casa ovacionados pelos vizinhos em acenos de despedida, parecendo que íamos viajar.
                    Entravamos na rua da ponte, também conhecida como rua aberta, até hoje não sei o porque o pseudónimo, pois o nome da citada era outro, lembro bem.
                    Na metade da longa rua, entravamos à esquerda, entrando na rua do emboca, emboca de entrar, isso mesmo. E, ao embocarmos no imboca (como pronunciavam os moradores) era uma " loucura ". As crianças saiam correndo ao lado do JEEP gritando, êêê! chegou dona Dinha, êêê...  Vovó retribuia acenando.
                    As vezes tecia algum comentário quase imperceptível como: êta povo carente e o prefeito não faz nada.!
                    Ao chegarmos no início da ladeira íngreme, Manuel Félix, passava a primeira marcha para suportar a subida.
                    Aí era que a coisa ficava interessante.
                    A criançada subia na traseira, nos estribos laterais, gritando:  dona Dinha, dona Dinha...  Vovó ficava super nervosa dizendo: menino, desce daí, você pode cair, sai, sai.
                    Eu ria até a barriga doer. Vovó ficava mais irritada e me advertia.
                    Enfim, chegávamos à fazenda. Era formidável! Como não bastasse as pessoas que subiam a ladeira nos acompanhando até a casa da fazenda, outras dezenas, nos esperava lá embaixo.
                    Era colocado o café numa enorme mesa rodeada por quatro bancos enormes, todos que ali estavam participava do banquete.
                    A seguir, formava-se três enormes filas indianas. Uma com homens, outra com mulheres e a ultima só de criança, era criança que não acabava mais.
                    Para os homens; trabalho. Para as mulheres; trabalho e vestidos. Para as crianças a tarefa de "apanhar" seixos de pedras e amontoá-las no recanto lateral da casa, estilo colonial.
                    Enquanto todos se esmeravam nas tarefas, eu e Joel o filho do vaqueiro Severino(Biu), montávamos nos belos cavalos e vovó no burro chá preto, apelidado por ela por ser o próprio, preto.
                    A tarefa de vovó, era conferir o gado do outro lado da serra, confinado lá para a engorda e posteriormente à venda para o abate.
                    Eu e Joel subíamos a serra na certeza que, ao chegarmos do outro lado, a diversão estava garantida. Um açude nos esperava para tomarmos banhos intermináveis e duas varas para pescar feitas de marmeleiros,  confeccionadas pelo caboclo Geraldo de Genaro.
                    Vovó retornava como de costume as onze e trinta, pois gastávamos meia hora para a subida.
                    Na maioria das vezes eu implorava a ela para fiar por lá até à tarde, num irritante deixa vó, deixa vovó querida, eu te amo e ...  
                    Vovó "acabava" cedendo acompanhado de um sermão, não pode isso, não pode aquilo...
                    Eu fazia os podes e todos os não pode.
                    O melhor de tudo, era a pescaria. Todos levavam algum peixe, menos eu. Nunca entendi!
                    Hora de almoçar, gritava dona Umbelina mãe de Geraldo. Eles eram moradores da fazenda.
                    A casa era feita de taipa, humilde mas limpinha cheirando a coentro que vinha da panela de barro cheia de feijão de corda.
                   O peixe assado na brasa, excitava o meu ofato, esperando apenas para colocar em prática o meu paladar apurado.
                   Lavamos as mãos numa bacia de ágata branca  rodeada de flores azuis e enxugamos as mãos  num pano de saco de açúcar, alvinho como um capucho de algodão.
                   Sentamos todos em cinco tamboretes encardidos pelo tempo de uso, desembarcamos os pratos brancos de ágata e fomos colocando a comida. Feijão, farinha quebradinha, coentro, cebolinha verde, tomate picada, pimenta de cheiro e só.
piaba, curimatã e traíra, este último com bastante espinha tipo Y, engasgar-se com uma daquelas, era cavar a sepultura.
                   Foi ali, que aprendi que o pouco alimento à mesa não era problema, mas a falta dele é que era o verdadeiro problema.
                   Aprendi também, fazer cancão de feijão, não conhecem? Explico!
                   Junta o feijão com farinha, coloca na palma da mão e amassa até fazer um bolo homogéneo, por fim, molha um pouquinho no molho  feito com vinagre, cebolinha verde,  coentro e  tomate, aí é só comer.
                   Após saciarmos a fome, "tomávamos" à mão, um copo de ágata branco todo destacado, cheio de água barrenta, mas fria,  retirada há pouco da forma e tomávamos até encher o bucho.
Ao cair da tarde, retornávamos, eu e Joel à fazenda.
                   Já na descida da enorme serra, identificávamos as filas indianas mais uma vez.
                   Ao chegarmos à casa da fazenda, sabíamos o porque daquilo.
                   Os homens e as mulheres recebiam o pagamento pelo dia trabalhado.
                   As crianças recebiam uma certa quantia em dinheiro, pagos em moedas e algumas balas chamadas de rasga boca sabor gasosa. (Rasgava mesmo!)
                   Sem dúvida, todos desciam a rua do emboca satisfeitos.
                   Eles, por terem se alimentado melhor e ganhado alguns trocados. A minha avó por ter oportunizado aquele momento e eu, por presenciar tudo aquilo.
                   Minha avó repetiu aquele gesto até desfazer-se da fazenda,  por motivo de doença.
                   Foi um chororô danado naquela manhã de terça-feira enfrente a casa da fazenda.
                   Chamou todos os moradores do emboca para conhecer o novo proprietário, aconselhando a todos, que continuaria ajudando, mas doutra forma.
                   Alguns anos à frente presenciei algumas vezes,  sempre no sábado pela manhã, as pessoas formarem filas quilométricas para receberem sandálias,. calças, cortes de tecidos para camisa dentre outras doações.
                   Muitos falavam que ela fazia aquilo para um dia candidatar-se a prefeita. Vovó poderia ter feito o que pensavam, mas nunca quis.
                   Foi um ensinamento e tanto.
                   Na década de oitenta a sua matéria afastou-se desse plano, mas o espírito sobrevoa o meu ser através das lembranças.
                   P.S. Como sinto falta DELA e de PAPAI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
                   
                   Biagio Grisi


segunda-feira, 24 de maio de 2010

MAOS


Mãos que apertam mãos
Mãos  que embalam e balançam
Mãos que encantam
Mãos que escrevem o que queremos ler e as
que  escrevem para maltratar
Mãos que atravessam quem precisa atravessar
Mãos que acariciam até o orgasmo chegar
Mãos que maltratam e são maltratadas
Mãos que os lábios vão tocar
Mãos que elegem e nao são valorizadas
Mãos que tecem a cesta
Mãos que amassam o barro para transformar
Mãos de artesãos sabem valorizar
Mãos que embelezam a vida no pintar
Mãos que só sabem rabiscar
Mãos que o bebe vai pegar
Mãos que enrola o rabo do boi prá derrubar
Mãos que apitam para o jogo terminar
Mãos benditas, benditas mãos
Mãos de médicos, enfermeiros, de médiuns,
todos esses, sabem salvar.
Mãos que agradecem
Mãos que rogam e
Mãos que só sabem matar
Mãos que pedem por PAZ.
Que tal dar-nos as MÃOS e o mundo transformar!!!
Biagio Grisi (Autor)


sábado, 22 de maio de 2010

MATUTO SIM SINHÔ

NEM SUL E NEM NORTE



O Sudeste não é o Sul
O Nordeste não é o Norte
Aqui vôa um sanhasul
Terra de caboclo forte.

Se viajo à Paraíba
Dizem, viajou pró Norte
Uma passagem só de ida
Eta sujeito de sorte.

OBRIGADO SENHOR


Obrigado Senhor, por conceder-me a vida
Também pela minha voz
Com ela, falo e posso  cantar.

Obrigado, por meus olhos sadios
Com eles posso enxergar a luz do sol,
a lua e o brilho das estrelas.

Obrigado,por minhas mãos
Através delas, posso trabalhar
Ajudando os necessitados.

Obrigado, por meus  ouvidos
Pois ouço os passarinhos
E os diversos sons da natureza.

Obrigado por minhas pernas
Com elas, ajudo alguém a atravessar
Outros, também as tem, mas não podem usar.

Obrigado, muito obrigado
Por este dia que inicia
Claro, como a água que vou tomar.

Por fim, também agradeço
A oportunidade de servir
Também, de ser servido
Muito obrigado Senhor!
Biagio Grisi (Autor)

SAUDADE






Da-me um pouco de carinho
Escuta-me só um pouquinho
Abraça-me apertadinho
Eu só quero recordar.

Conta prá mim uma estoria
Pode ser da carochinha
Prá eu poder cochilar
Deitada sem ser sozinha.

Vem, faze-me um cafuné
Desliza a tua mão macia
No meu corpo abandonado
A saudade  vai passar.

Ah! faz tanto tempo
Que não sinto o teu amor
Escondeu-se no passado
Nunca mais me consolou.

Senhor, tira-me do sofrimento
Traze-me de volta aquela,
que gerou-me no seu ventre
Prá com ela acarinhar.

As noites não mais existem
Os dias passam depressa
A carência vem, me cerca
Sonhos triste que não cessam.
Biagio Grisi (Autor)

A MOÇA DA JANELA



Todos os dias eu passava
Em frente daquela casa
Pro roçado trabalhar
E via numa janela
A linda moça escorada
Acompanhando eu passar.

Sete dias se passaram
E ela alí debruçada
Sem escorar a tramela
A moça bem preparada
Naquela casa caiada
Lá no sítio Muribeca.

Os seus cabelos brilhavam
Com o reflexo do sol
Um diadema florado
Os olhos bem azulados
O rosto cheio de pó.

Vestindo um vestido de chita
Com um decote instalado
Bem alí, no mei dos peito
Prá eu prestar atenção
Eu via, com todo respeito
Aquele rasgo danado.

Um domingo eu resolvi
Falar, com a donzela
Bater um dedo de prosa
Chegar mais perto dela
Sentir seu cheiro de rosa
Que exalava da janela.

Quanto mais este andava
Prá ver de perto a moça bela
A casa branca, afastava
Obrigando, a eu andar mais.
Um navio procura o cáis,
Eu , a moça da janela.

Uma voz, fez eu parar
Dizendo, sou Guilhermina,
Morrí no século XIX
Quando me deram um xarope.
Por isso, estou na janela,
Esperando a assassina.

Biagio Grisi (Autor)

COZINHA SERTANEJA

A parede

A parede de tijolo
É ela toda entalhada
Coberta por um alpendre
Mais parece uma latada.

Na parede da esquerda
A gamela e o pilão
Olhando prá pratileira
Os condimentos à mão.

Continuo mais na frente
Com garfo, espátula e facão
Uma toalha,  dois copos,
E a quenga do feijão. 

Agora vai esquentar
Com o fogão cozinhador
As panelas com canjica
Perto do pegador.

O pilão com sua mão
No fogão tá encostado
Um feixo de lenha amarrado
Botado por meu avô.

Na mesa, um prato e um côco
Na quartinha, a água  tem
Embaixo, um banco escorado
Um pote e um canco também.
Biagio Grisi (Autor)
P.S. A peça acima foi idealizada e construida por mim.


A CASA DE LAMPIÃO


Foi preciso pesquisar
Para não fazer bobagem
Lí livros e poesia
Me arrisquei numa viagem.

À Serra Talhada cheguei
No sábado de tardezinha
Conheí Anildomá
Escritor lá da terrinha.

Voltei a minha cidade
Focado em construir
A casa de Lampião
A peça está bem aí.

A casa é bem compacta,
E fácil de transportar
Cabe na bolsa, na mala
Na hora de viajar.

Na parede padre Cícero,
Encostado a Lampíao
Bornal, lenço, cantil
A cartucheira à mão.

Na mesa centralizada
Óculos, copo e quartinha
Um chapéu ornamentado
O punhal e a bainha.

A mauser, arma certeira
Escorada, bem em pé
Um pote, a chinela, um banco
Ei, voce disse que quer?
Biagio Grisi (Autor)
P.S. A peça acima foi idealizada e construida por mim.

A CASA DO VAQUEIRO NORDESTINO


A casa, é bem completa,
Tem a frente  e a traseira
Esta casa me lembrou
A fazenda Gamileira.

Esta, é a copia fiel
da Casa de Ascendino
Onde corrí, pulei e cai
Lá nos tempos de menino.

Entre a porta e a janela
St° Antonio, São Pedro, São João.
Tem um chapéu de vaqueiro
Prá usar na apartação.

Tem lamparina e vela
Bíblia, cordel lá encima
Bornal, macaca e chapéu
Pendurado bem na quina.

A prateleira arrumada
A barrica, o pilão
Caneco, quartinha e balde
Sempre ao alcance da mão.

Um couro de bode espixado,
Embaixo da prateleira.
Ao lado, emparelhado,
Cantil, espingarda, cartucheira.

Agora, vamos pro chão
Bem na quina da parede
Um pote com a tábua encima,
Ancoreta e um balde de leite.

A janela bem fechada
Para o vento não entrar
Embaixo, a mesa arrumada
E dois bancos prá sentar.

Neste canto do direito
Um pilão, tem encostado
Cangalha, panela, fugareiro,
No chão bem arrumado.

Vou terminar subindo,
Subindo para a direita
Bota, sandália, chapéu,
Corda, feita de couro
Peitoral, luva e gibão
cabaça prá botá água
Tudo feito com as mão
Como ví em Gamileira.

Estou de alma lavada
Cumprí a minha missão
Dizendo o que tem na casa
Feita por este artesão.
Biagio Grisi (Autor)
P.S. A peça acima foi idealizada e construida por mim.

A SALA SERTANEJA


Olhando o Sítio São João
Nesta noite me inspirei
Fiz a sala sertaneja
Na alegria, chorei.

Voce tá vendo e sabe
Que é toda de tijolo,
Entalhado na madeira
Pró "nêgo", olhar com gosto.

A parede enfeitada,
Com tres retratos de santo,
É claro, não pode faltar
Prá não causar espanto.

Candeeiro esfumaçando
De lado, outro retrato.
Embaixo da cumeeira
A vela, divide os quadro.

Pendurado tem bornal
De couro, eu sei que tem
Chapéu para campear,
A cartucheira também.

O rádio movido a piula
encima de uma mesa,
A biblia, um cordel ao lado
Um par de botas campeira.

O banco e uma sandália,
O baú e a lamparina
Completa, a mobília
Desta sala construida.
Biagio Grisi (Autor)
P.S. A peça acima foi idealizada e construida por mim.

BOX SECOS E MOLHADOS


A construção desta peça,
Foi trabalho de pesquisa
"Rodei" por dentro da feira
Até concluir a "bicha".

O dono do box real
É chamado de Arnaldo
É lá, na feira central
Na entrada do mercado.

Esse o dono é Deus,
Foi ele que me inspirou
A cultura resgatar,
Com carinho e amor.

Na parede, lá do fundo
Duas prateleira encardida,
Em riba, um monte de saco
De dois em dois, numa fila.

Em baixo, prá completar
Já em cima do blacão
Quatro sacos, uma balança
No chão, arroz, farinha e feijão.
Biagio Grisi (Autor)
p.s. A peça acima foi idealizada e construida por mim.

A BARRACA DO COURO


Esta barraca sortida
Só com coisa de primeira
Agrada a freguesia
O couro de Cabaceiras.

Nela tu enche os sói
Tem bornal, chapéu, chicote,
Macaca de couro crú
Tem até pele de bode.

Tem roupa de entrar no mato
Cartucheira, peitoral,
Bota, sandália de arrasto
Embaixo de um bornal.

A minha parte eu já fiz
Agora tu faça a tua
A barraca tá aí
Resgate, levando a sua.
Biagio Grisi (Autor)
P.S. A peça acima foi idealizada e construida por mim.

A BARRACA DA RAÍZ


Eu sei que voce já viu
Raiz vendida na feira
No canto de uma calçada
Ou mesmo na prateleira.

Esta barraca bonita
É a réplica da real
Com empanada de chita
Lá na arca catedral.

Descendo a escadaria
Bem do lado do esquerdo
A barraca de Neuri
Tem raíz o ano inteiro.

Por isso é que eu pesquiso
Prá eu poder trabalhar
Portanto, fiz a barraca
Prá o freguês se lembrar.

Esta barraca vende
Eucalípto, cumaru,
Quixaba, pepaconha,
Erva doce, urucum.

Côco catolé, canela,
Alho, cebola branca,
Cravo, girassol, macela
E boldo, tem nessa banca.

Agora que já citei,
As raízes que tem nela,
Espero, poder agradar
Quem se interessou por ela.
Biagio Grisi (Autor)
P.S. A peça acima foi idealizada e construida por mim.

A BARRACA DO CAFÉ


A barraca do café
A dona é dona Maria
Eu vi na feira central
Quando, uma pesquisa fazia.

Nesta barraca vende
O café feito no ponto
Bolo, chá de canela
Comendo muito, tem desconto.

Na feira a barraca é grande
Tem dois bancos pra sentar
Esta, é bem pequena
Só fiz, pra resgatar.

Se gostou, leve pra casa
Enfeite a cristaleira
Cuide dela com cuidado
Que desta, não tem na feira.

P.S. A peça acima foi projetada e construída por mim.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

FÉRTIL


Me abraça, me beija
amama-me com ternura
envolve-me com os seus braços
e ampara-me meu amor.

O brilho intenso das estrelas
que invade a lâmina transparente
no alto desse quarto,
enche o palpitante de alegria.

Só tu, meu amor.
Rasga-me as vestes
adentra-me e
enche-me de prazer.

Trêmola, ofegante e vulgar.
O calor de uma fornalha
excita-me ao extremo
até enfim, na ovulação,
FERTILIZAR, ah, ah...

Biagio Grisi (Autor)

MARCAS DO PASSADO


A pena desliza no papel, contando as suas dores, falando dos amores e dos momentos felizes
que um dia vivenciou.
As memórias deixadas na memória. Os pais que já se foram, os irmãos se perderam e no
passado ficaram; não os vejo mais!
Os filhos, Ah! os filhos.
Simplesmente desapareceram. Foram levados pelo vento, pois os nossos filhos, infelizmente
não são os nossos filhos, simplesmente geramos, vemo-los crescer e de uma hora para outra; somem!
Somem feito fantasmas em busca de novos lugares e experiências.
O tempo, Ah! o tempo!
Quem me dera poder olhar para traz e num piscar de olhos rever os erros, caminhar noutra direção.
Na direção da sabedoria, podendo distinguir o bom do melhor.
Sem dúvida ,o melhor, sempre será o melhor!
Biagio Grisi (Autor)

QUE OLHOS


A menida de olhos azuis
que não enchergava
tocava com sua vara,
o solo irregular
até cair no desfiladeiro.

Noutro ponto,
sua mãe que forjava
uma espada, sentiu a dor
que a bela menina sentiu
ao cair.

Homens montados
em seu majestosos cavalos
cavalgavam para Jerusalém
desafiando os que em sua
frente passassem, mas,
os belos olhos azuis
que até então nada via,
como num passe de mágica
transforma-se numa bela águia
partindo para cima dos cavaleiros
derrubando-os, cegando a todos e
comendo um a um
os olhos de todos.

Biagio Grisi (Autor)

O VENTO



Os fortes ventos,  impulsionavam
os gigantescos e velhos cataventos
fazedo um barulho ensurdecedor, vindo das hélices
que cortavam o denso ar.

A enorme plantação de grãos
mexia-se e remexia-se
numa dança trigal frenética
que enchia-me as retinas de prazer.

As crianças corriam desorientadas
em busca de proteção
nos enormes celeiros de madeira
que rangiam.

Já as mulheres, tentavam segurar
os seus vestidos para não despí-las
como se chegassem ao mundo agora.

E eu, agachado na entrada de um
porão com os olhos arregalados,
acompanhando o vendaval quase mortal.

Biagio Grisi (Autor)

LEMBRANÇAS DO MEU PAI

Meu pai que Deus o tenha
Sempre me mostrou o melhor
Levava-me a Santa missa
E a casa de vovó.

Ensinou-me a não pegar no alheio
A ser um homem de verdade
A estudar mais um pouco
Também, fazer caridade.

A música que eu ouvia
Era, pelos seus lábios cantados
Em inglês, francês e espanhol
Sons bem executados.

Apredí a tomar gosto
Na cultura nordestina
Pois ele, sempre mostrava
A preservação, é quem ensina.

Aprendí a soltar coruja(pipa)
Também, fazer patinete
Jogar pião, e carrapeta
Brinquedos, que todos conhece.

Bicicleta, eu não tive
Mas, me ensinou a andar
Recebí dele, um velocípede
Usei, até se acabar.

Aprendí através dele
Fazer uma bela fogueira
No São João e no São Pedro
Todos juntavam-se prá vê-la.

Uma fogueira que se prese
Deve ser bem construida
Dizia papai fazendo
Prá toda a sua família.

Duas estacas de um  metro
Lateralmente enfincadas
Um arame lá no alto
Nas extremidades amarradas.

Tudo isso que eu conto
Eu via e prestava atenção
Prá, quando a minha eu fizesse
Não passar decepção.

Agora é que entra os toros
Todos bem arrumados
Um por cima do outro
E não, simplesmente jogados.

A hora era importante
Prá fogueira incendiar
Dezoito horas contadas
Na hora do anjo passar.

Agora prá acender
Aquela bonita fogueira
Um fogo feito de gravetos
Era empurrado em sua trazeira.

Aos poucos, a madeira morta tinha vida
Estalando, soltando faísca
Uma enorme labareda
Enchia a minha vista.

A fogueira majestosa
Novinha, toda imponente
Tinha o seu tempo contado
Desanimando o agente.

O agente, era o meu pai
Fazedor de tantas mil
Assim como elas se foram
Meu pai, envelheceu, ficou senil.

Mas tudo que aquí se achega
Tem o seu tempo contado
A tradição foi passada
E papaí foi sepultado.

P.S. Foram tantas coisas boas que passei e aprendi com ele, que, faço-me esquecer dos momentos infelizes. E QUEM NÃO TEM!

Biagio Grisi

terça-feira, 18 de maio de 2010

SAO JOAO DO NORDESTE


Nove estado empenhados
À tradição preservar
Já estão nos preparativos
Para a festa começar.

Eu começo por aquí
O Estado é Paraíba
Trinta dias de forró
Campina toda se anima
Dançando não fica só

Pernambuco, o estado encostado
O São João é bom demais
Caruaru é artesanato
Recorda Vitalino, numa força que atrai.

Já estou no Ceará
Este estado rico em renda
Se não conhece o lugar
Venha, veja e aprenda.

A Paraíba é divisa
Do Rio Grande do Norte
Danço chupando cajú
Enfrentando um baião forte.

Na Bahia de todos os santos
O caruru e o acarajé
Apimenta o São João
Na festa do candoblé.

No Sergipe de seu Chico
As águas passam limpinhas
Lavando os trajes da festa
Prá dançar bem de noitinha.

A terra do Bumba meu Boi
è chamada Maranhão
De dia se pesca no rio
A noite é de  São João.

Agora prá encerrar
Vou alí no Piauí
Dançar a noite todinha
E depois provar o tucupí.

Biagio Grisi (Autor)

domingo, 16 de maio de 2010

NO MEU QUINTAL


Lá no fundo do quintal
Ouço um sanhaçu
Vejo as lagartixas e
Abelhas uruçu.

Rolinhas que sobrevoam
Tem até os bem-te-vi
Com seus cantos que encantam
Duvidando, é só chegar aqui.

Meu quintal é bom demais
De noite de dia ou de madrugada
Às cinco eu me acordo
Com o galo numa toada...

À noite, contemplo as estrelas
Claras e exuberantes
Na aurora, os raios chegam de mansinho
Prometendo um clarear ofuscante.

Este é o meu quintal encantado
O dia todo estou por lá
Trabalhando, cantando e apreciando
Um rouxinol que veio me visitar.

Até o gato do vizinho
Quando, está empolgado
Abandona a sua toca
Pulando no meu cercado.

Biagio Grisi (Autor)

PEDRAS PARAIBANAS



   
   Pedra do Capacete                              Pedra da Bôca                   Pedra do Ingá


Uma pedra esculpida
Tem o dom da natureza
Prá ver tem uma subida
A Pedra do Capacete
Na cidade Cabaceiras.

Na cidade de Fagundes
A pedra de Santo Antonio
A paisagem enche a vista.

Chamada Pedra da Bôca
Prá cidade é furtuna
Logo que o dia amanhece
Turistas em Araruna.

Outra, com escrita rupestre
O mais expressivo momento
Pedra Itacoatiara do Ingá
O mundo todo conhece.

Biagio Grisi (Autor)

SÍTIO SÃO JOÃO CAMPINA GRANDE-PB

Um sítio chamado São João
Com capela, engenho e armazém
Um trio tocando baião
Uma palhoça, onde come bem.

No sítio ainda se encontra
Bodega e casa de farinha
Onde o bodegueiro aponta
Fiado, só na vizinha.

Os cacarecos espalhados
No depósito do armazém
Espora, cangalha, chocalho
Corda de apertar cedém.

Foice, estrovenga, enxada
Garrafa e lata de creolina
Uma balança encostada
Perto da lamparina.

No sítio, eu vou pró passado
E lembro da minha avó
João Dantas bem escorado
Vendo passar um mocó.

A conversa está boa
Desculpa eu já vou indo
Vou dormir com a patrôa
Sonhar feito menino.

Biagio Grisi (Autor)

A SECA, A FOME, A MORTE



A água falta na fonte
A chuva que não vem forte
A comida do prato some
A seca, a fome a morte.

A vaca que não dá leite
A baba na boca escorre
O pasto baixo tão seco
A seca, a fome, a morte

A mulher que pare sozinha
Um bebê que nasce sem sorte
Água não tem na quartinha
A seca, a fome, a morte.

Biagio Grisi (Autor)

TOCAIA


Alí pu trai duma ceica
Um cabra abaixado, sozinho
Curiando de segunda à sexta
Pá dá de cabu o vizinho.

A ceica, feita de aveloi
O leite que pinga no chão
O "nêgo" esfregando o zói
A espingarda na mão.

Sujeito fino, feito fio
Pequeno que nem uma puiga
Ligero que só um tisiu
Num tem homi que acuda.

Na estrada, o dito maicado
É alto e um pouco coicunda
A calça um pano mesclado
Na cara uma maica profunda.

A bala já tá na agulha
O dedo no meio do gatilho
Meu Deus, naquela altura
Bááá, só se ouve o tiro.

Um homi no solo deitado
O outro sai na carreira
É fato, tá morto o coitado
Zezin, filho da parteira.

Biagio Grisi (Autor)

SOL DE JACARÉ


O sol belo que acorda
Numa praia mansinha,
Tem a hora marcada
Lá em camboinha.

O sol ainda em pé
O Ravel tocado num sax,
O por do sol em Jacaré
Um turista que chega de tax.

Biagio Grisi (Autor)

LUA I


Oh!  lua manhosa
Que, devagar sais
Tão bela e dengosa
Lá na beira do cáis.

Lua do meu amor
Noite dos namorados
Sentados lá na areia
Em beijos e abraços.

Lua linda e clara
Clareando a sereia
A maré baixa e sobe
Tão forte e tão cheia.

A RESPOSTA QUE NÃO VEIO

Seu dotô num sei se viu
Uma carta que mandei
Fei feita em computadô
Prá resposta sê mai rápida
E agradá o freguei.

Eu só quiria dotô
Sê um cabôco atrivido
Cuma num sô, não sinhô
Num vô fazê alarido.

Seu dotô me apresento
Cum toda sastifação
Biagio é meu nome pópio
E sô um simpre artesão.

Só quero que voi cunheça
O trabalho que eu faço
Artesanato nato, em madeira
Destrincho sem embaraço.

A bodega sertaneja
Que tudo tem pra vendê
O armazém de mangaio
Que dar gosto a gente vê.

Uma cozinha com alpendre
Como fogão e abanador
Tem a casa do vaqueiro
Que pode agradá o sinhor.

A casa de lampião
Tem chapéu, lenço e facão
E a casa de vendê côro
Bota, chinelo e gibão.

Tem mais coisa pá se vê
Mas, minha fala termina
Prá não cansar voi me cê
Homi vê se anima
E responde prá eu lê.

Um abraço apertado
Que nem de tamanduá
Lembrança pros daí
E resposta pros de cá.

Biagio Grisi (Autor)

O FOGÃO COZINHADOR


A cozinha de Maria
Era um reboliço danado
O fogão de brasa ardia
O fogo alto abanado.

A água tá na chaleira
O café tá no pilão
O cuscuz na cuscuzeira
A frigideira assa o pão.

O leite já tá fervendo
O queijo ja tá assado
O muncuzá aquecendo
Na boca do queijo ao lado.

Eta fogão arretado
Esse fogão de Maria
Cozinha toda a comida
O fogão cozinhador.

Biagio Grisi (Autor)

CICATRIZES

Que bom seria, se pudesse
Não posso mais sair do ventre
O cordão da vida cortar
Ser alimentado externamente
Dar o primeiro passo
Cair e levantar.

Os braços forte do meu pai
Se foram, não tenho mais
Minha mãe, perdeu-se no tempo
Os neurôneos apagados com a doença
O tempo, impiedoso, voraz.

Quem me dera, voltar atrás
Ah! uma máquina do tempo
Consertar os erros e mais acertos
Trazer coisas boas no vento
Não mais olhar para tras.

Biagio Grisi (Autor)

UM JEITO DESAJEITADO


No pé de uma calçada
Se topou, virou topada
Se cortou, ficou cortada
A laranja fatiada

A água quente esfriada
Água do ceu, invernada
Bateu com chapéu, chapelada
Cavalos cavalgando, cavalgada

Abelha ferroou é ferroada
O pente que pentea, penteada
A mula que descansa, espojada
A agulha que enfia, agulhada

A pele que apodrece, necrosada
A roupa que o morto veste, mortalha
Parou no canto, parada
Comprando roubo, roubada!

A carta que vira e mexe, embaralhada
E prá sair desse verso
Só se for na cassetada.

Biagio Grisi (Autor)

TEMA DE VERSO, UM MOTE


Cela, celim e celote
Serra, serrado e serrote
Pinto, frango e frangote
O sol que queima, sol forte
Caixa, caixinha e caixote
Mala, malete e malote
O rumo certo é o Norte
O homem baixo, baixote
Pedaço de pau, é barrote
Boi, bezerro e garrote
Jogou e perdeu, não tem sorte
Canoa, jangada e bote
Martelo, marreta e marrote
O tema de verso,  um  mote.

Biagio Grisi (Autor)

VAQUEIRO NORDESTINO


Um grito na caatinga
O gado urra e se espalha
Entre arbustos espinhentos
Um bezerro se atrapalha.

Um vaqueiro se aproxima
No seu cavalo alazão
Tange, corre e grita
O filhote se anima
Para não ir pró morão.

Do grito forte e berrado
Ao aboio amansador
Que deixa o gado parado
Esperando o vaqueiro tangedor.

Biagio Grisi (Autor)

INGRATIDÃO


Um ser amargurado
O coração repleto de dor
As lágrimas, rolam na face
Por causa de um amor.

A palavra que entristece
Rasga o músculo da vida
Faz voltar à escuridão da noite
Alí no canto retraída.

Na memória o açoite
Os olhos a marejar
Filho me perdoe
 Pelo amor da noite

A cor vermelha delata
Em sangue se esvai
Os músculos do abdômen que contrai
Expulsa, a criatura mutilada.

A dor que sente é profunda
Decidida, não tem volta
Abandonada à própria sorte
O aborto conssumado
Mãe e feto jáz.

Biagio Grisi (Autor)

A BODEGA DE SINVAL


Bodega, venda, quitanda
Armazém ou mercearia
Um lugar prá amarrar o cavalo
Enquanto o vaqueiro bebia.

A bodega de Sinval
Fica no pé da ladeira
Pintada de azul e cal
Em frente ao pé de gamileira.

A bodeguinha cheirava
A cânfora, loção, "cocorote"
A fumo de rolo e gás
Pão doce, rasga boca, brote
Creolina e aguarrás.

A bodega ainda tinha
Bacalhau bem novinho
Que vinha do estrangeiro
Carne de xarque emantada
De longe, sentia o cheiro.

A bodega de Sinval
Ainda tinha prá vender
Rouge, vaselina, dedal
Sabonete, pó e fita
Também linha prá cozer.

Prá beber, tinha vinho tinto
Também tinha açucar cristal
Sal grosso, alfinin e rapadura
Escopro, martelo, enxó
Dobradiça e fechadura.

Tinha arame e grampo
Ioiô, pião, baladeira
Sabão e também anil
Rapé, cachimbo e piteira
Gamela, chicote e cantil.

Pinico prá mijar dentro
Faca, facão, canivete
Bule, chaleira e tigela
Arnica, xarope e cachete
Alguidar, quartinha e panela.

Na lembrança de menino
O tempo não volta mais
O armazém de Rufino
A bodega de Sinval
De Josefa Tributino
Da volta de Zé Leal.

Biagio Grisi (Autor)

SAUDADES DA MINHA AVÓ


Bem cedinho acordava
Prá comer o pão de ló
Café, leite, coalhada
Saudades da minha avó.

No jardim uma florada
Cravo, jasmin e um cipó
A roseira bem escorada
Saudades da minha avó

No corredor, a rêde armada
Numa ponta, a corda e um nó
Deitado nela, balançava
Saudades da minha avó

O jeep, na garagem bem alí
Botava água, limpava o pó
A direção, era a fazenda Oití
Saudades da minha avó.

As férias, logo acabava
Lá eu não estava só
Voltando prá casa, lembrava
Saudades da minha avó.

Biagio Grisi (Autor)

ABERTURA


Eu abro este recanto
Falando em Virgulino
Para as mulheres, um encanto
Para os ricos, um ladrão, um assassino.

Virgulino era bom filho
Um moço trabalhadô
Num tinha um inimigo
Quando a briga se formô.

Biagio Grisi (Autor)

SELO DE QUALIDADE

SELO DE QUALIDADE
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