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domingo, 9 de maio de 2010

JOÃO DE TIBÚRCIO

          Um estalado quebradiço ecoou no partido de cana-de-açucar do engenho Berro D'agua localizado às margens do rio afogados na região sul do estado próspero.
          O capataz da fazenda Barra Funda corria sem rumo no meio das folhas verdes, abanando-as de um lado para o outro, conseguindo finalmente, alcançar o lado final da plantação.
          Capitão, a maldita negrinha não está por aquí, disse em tom raivoso e desesperado o tal homem.
          Após várias investidas à procura da tal mulher, o sórdido caçador, resolveu desacelerar o galope do puro sangue ao cair da tarde, com a permissão do Capitão Benício Cunha Ferreira, proprietário do latifundio.
           Após desmontar do belo quadrúpede, o capataz pau mandado, garante ao patrão que antes que o dia de amanha se finde o mesmo terá em suas mãos a negra fujona para fazer o que bem quiser.
           A noite chegou rapidamente ao engenho Berro D'água.
           Por entre as frestas das enormes porta da senzala eu observava o céu iluminado pelas estrelas, amenizando as dores do corpo após um dia de trabalho árduo embaixo de um sol abrasador.
           Continuava contemplando o firmamento, quando de repente, surgiu por entre as baraunas centenárias, localizadas à frente da casa onde morava o primogênito e bem conceituado entre a negrada do engenho, por ter salvo da morte o negro velho Tibúrcio, que tantos negros e negras fêz, almentando ainda mais a sua prole e consequentemente o número de escravos para o capitão Benício Cunha.
           Contavam os mais antigos, que Tibúrcio chegava à deitar em um só dia, com cinco escravas, tendo sido apelidado pelo capataz, Tibúrcio "o garanhão negro".
           Tibúrcio era um negro alto de corpo escultural e de voz macia que agradava os mais exigentes latifundiários.
           Dizem ainda, que a mulher do capitão Benício empolgou-se tanto com a beleza externa do negro Tibúrcio, que ordenou ao capataz, que, nos dias em que o seu marido viajasse para comprar outros escravos, que Tibúrcio deveria sair da senzala, atendendo unicamente as suas ordens
           E assim foi feito por muitos e muitos anos.
           Quer dizer que além de Tibúrcio ter que enfrentar obrigadamente as escravas, era também, obrigado a atender os caprichos da bela mulher do patrão!
            Tibúrcio não pisava mais nos campos de plantios ou de colheitas, vivia só para procriar.
            Mas, um detalhe fez volver a vida mansa do "garanhão negro".
            O homem forte, foi acometido de uma gripe profunda, deixando-o incapacitado sexualmente por seis meses.
            A robustez sexual do tal homem não seria mais igual, perdeu a tão esperada carta de alforria, prometida pelo senhor de engenho, quando o mesmo completasse quarenta anos, por ter se esforçado em contribuir no almento do número de escravos daquela fazenda.
            Perdeu também, a proteção da patroa insaciável e pára acabar de vez com a vida do pobre homem, o miserável capataz, delatou-o ao patrão, que furioso mandou matá-lo e por fim, amarrou a tal mulher traidora aplicando-lhe, o próprio, cinquenta chibatadas.
            Antes que Tibúrcio fosse levado para trás da senzala principal, onde havia uma afiada guilhotina, trazida pelo capitão Benício, quando de uma viagem à França, um grito aterrador, paralizou o capataz e o capitão Cunha.
            Era João, o único filho do capitão, que ajoelhado aos pés do pai, suplicava por clemencia.
            Após alguns minutos, o terrível capitão resolveu aquiecer o pedido do primogênito.
            Outro detalhe acabaria ainda mais a trajetória de Tibúrcio por aquela fazenda.
            Era fato. O negro foi poupado da morte prematura, mas, não da morte natural.
            Ao capataz foi ordenado:  Ao negro garanhão, pão  água dua vezes ao dia, reclusão no quarto da solitária, pelo resto da existência sem direito de ver nem o sol e nem a lua.
            Após cinco anos de sofrimento e total solidão, Tibúrcio foi encontrado sem vida, quando por volta das dezoito horas um escravo adentrava à escuridão do quarto para colocar o pão e um copo sujo com água.
            Tibúrcio deixou esta terra para encontrar-se com seus ancestrais, em 26 de dezembro de um mil oitocentos e nove, acompanhado dos anjos que circundavam o Engenho Berro D'água, na fazenda Barra Funda
            Aquela terra não foi mais a mesma depois da partida do negro Tibúrcio.
            Trinta dias após a sua morte, o capitão foi assassinado numa emboscada. A patroa, perdeu o movimento das pernas tendo que ficar para o resto da vida, em cima da cama, onde suspirou por tantas vezes quando ao fim do coito.
João o primogênito, herdou a fazenda acabando definitivamente o plantio de cana-de-açucar, transformando a fazenda na maior criadora de gado daquele estado.
            Quanto aos cinco alojamentos denominados de senzala, João resolveu demolir, construindo uma enorme área coberta de flores de todas as cores, trazendo vida onde só houve tristeza e morte.
            Pediu a um amigo que troxece de Portugal uma escultura em tamanho natural feita em marmore, do homem que mostro-lhe na sua simplicidade que a vida valia a pena, mesmo que a sua vida não tivesse vida própria!
           Em seguida deu a cada escravo a tão sonhada liberdade, não aceito por muitos, preferindo continua com ele.
           João tornara-se a apartir daquele momento João de Tiburcio, até a sua morte, deixando para os descendentes do ex escravos a fazenda Barra Funda, hoje chamada de Quilombo João de Tibúrcio.


Biagio Grisi (Autor)
          
       

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