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segunda-feira, 23 de julho de 2012

QUEM SOU

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Te encontro no canto dos encontros
Deitada, triste, esquecida
Não causastes a nenhum homem tantas dores
Senão, à  todas  mulheres traídas.

Que sabes da minha vida se não te conto
Nem tão pouco, tu me encontrastes
Nem de sorte, tivestes meus encantos
Pois num canto tristemente tu ficastes.

Quiseras eu, que estivesses ao meu lado
E passasse a noite inteira em ternura
Deitada, deslumbrante, toda nua
E num piscar de olhos me acordasse.

Biagio Grisi (Autor)


domingo, 22 de julho de 2012

MORTE

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Quando a morte chegar à minha casa.
Perguntar a mim se estou bem.
Responderei a ela sem demora
Sim, porque vens.

Se assim mesmo
A mesma persistir
Continuar alí
Faceira à sorrir.

Invocarei Deus
Clamo por mais tempo
E a ela digo
Não é hora de vires atrás de mim.

Biagio Grisi (Autor)


segunda-feira, 9 de julho de 2012

UM POETA NÃO MORRE SE TRANSFERE

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À RONALDO CUNHA LIMA

Um poeta não morre se transfere
Alça vou simplesmente deste mundo
Sabendo que em outro plano ele pousa
Continua sua vida noutro rumo.

Me despeço no momento do poeta
Sabendo que um dia chego lá
Foi-se ele sem dúvida sem contesto
Eu sei que o mesmo vou alçar.

Enquanto não chega a minha hora
Continuo por aqui à trabalhar
Sentindo a dor da sua falta
Lamento e me fixo em recordar.

Que Deus continue te protegendo
Como fez por aqui continue lá
Quem sabe um dia tu retornes
Noutro corpo para um novo começar.

Biagio Grisi (Autor)



domingo, 8 de julho de 2012

UM POETA NÃO MORRE SE TRANSFERE



HABEAS PINHO: poema de Ronaldo enfeita as paredes de escritórios de advogados do Brasil

Em 1955 em Campina Grande, na Paraíba, um grupo de boêmios fazia serenata numa madrugada do mês de junho, quando chegou a polícia e apreendeu o violão. Decepcionado, o grupo recorreu aos serviços do advogado Ronaldo Cunha Lima, então recentemente saído da Faculdade e que também apreciava uma boa seresta. Ele peticionou em Juízo, para que fosse liberado o violão.
Aquele pedido ficou conhecido como "Habeas Pinho" e enfeita as paredes de escritórios de muitos advogados e bares de praias no Nordeste.
Mais tarde, Ronaldo Cunha Lima foi eleito Deputado Estadual, Prefeito de Campina Grande, Senador da República, Governador do Estado e Deputado Federal.

Eis a famosa petição.

 
HABEAS PINHO



 
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca :





O instrumento do crime que se arrola
Neste processo de contravenção
Não é faca, revólver nem pistola.
É simplesmente, doutor, um violão.


Um violão, doutor, que na verdade
Não matou nem feriu um cidadão.
Feriu, sim, a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.



O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade.
Ao crime ele nunca se mistura.
Inexiste entre eles afinidade.


O violão é próprio dos cantores,
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam as mágoas e que povoam a vida
Sufocando suas próprias dores.


O violão é música e é canção,
É sentimento de vida e alegria,
É pureza e néctar que extasia,
É adorno espiritual do coração.


Seu viver, como o nosso, é transitório,
Porém seu destino se perpétua.
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório.


Mande soltá-lo pelo Amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite
De suas cordas leves e sonoras.


Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz,
cantar as mágoas que lhe enchem o peito?


Será crime, e afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
perambular na rua um desgraçado
derramando na rua as suas dores?



É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento.
Juntando esta petição aos autos nós pedimos
e pedimos também DEFERIMENTO.

 
Ronaldo Cunha Lima, advogado.





O juiz  por sua vez, despachou utilizando a mesma linguagem do poeta Ronaldo Cunha Lima: o verso popular.


Recebo a petição escrita em verso
E, despachando-a sem autuação,
Verbero o ato vil, rude e perverso,
Que prende, no Cartório, um violão.

Emudecer a prima e o bordão,
Nos confins de um arquivo, em sombra imerso,
É desumana e vil destruição
De tudo que há de belo no universo.

Que seja Sol, ainda que a desoras,
E volte à rua, em vida transviada,
Num esbanjar de lágrimas sonoras.

Se grato for, acaso ao que lhe fiz,
Noite de luz, plena madrugada,
Venha tocar à porta do Juiz.


sábado, 7 de julho de 2012

UM POETA NÃO MORRE SE TRANSFERE

Conhecí o homem simples, do povo!
O poeta, o político.
Prefiro guardar no consciente, as coisas boas que ele fêz e nos deixou como legado.
Nasceu na cidade de Guarabira, Paraíba e adotou Campina Grande como sua cidade para morar e fazer história como poeta,advogado e político.
Um apaixonado pela poesia.
Lembro uma certa vez quando expunha as minhas peças e ele entrou no ambiente em sua cadeira de rodas, pois tinha sido acometido de AVC, parou em frente ao meu stand olhou, olhou e pediu, eu quero aquela peça. Peguei uma Bodega Sertaneja confeccionada em madeira e ao admirar a peça em suas mãos, disse mais uma vez. É esta mesmo que eu estava procurando. Enfim, tinha vendido para o Poeta Ronaldo José da Cunha Lima (Ronaldo Cunha Lima), mais uma bodega, perfazendo duas.
Eu não poderia deixar que ele saisse do ambiente sem antes  ouvir a viva voz  um dos seus poemas que considero mais profundo e belo.
Ajoelhei-me aos seus pés e pedi que declamasse HABEAS PINHO e assim foi feito, a emoção tomou conta de mim, pois, apesar da sua voz sussurrante, ele declamou-a por completo e foi assim declamado.


O instrumento do crime que se arrola
Neste processo de contravenção
Não é faca, revólver nem pistola.
É simplesmente, doutor, um violão.

Um violão, doutor, que na verdade
Não matou nem feriu um cidadão.
Feriu, sim, a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.

O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade.
Ao crime ele nunca se mistura.
Inexiste entre eles afinidade.

O violão é próprio dos cantores,
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam as mágoas e que povoam a vida
Sufocando suas próprias dores.

O violão é música e é canção,
É sentimento de vida e alegria,
É pureza e néctar que extasia,
É adorno espiritual do coração.

Seu viver, como o nosso, é transitório,
Porém seu destino se perpétua.
Ele nasceu para cantar na rua
E não, para ser arquivo de Cartório.

Mande soltá-lo pelo Amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite
De suas cordas leves e sonoras.

Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz,
cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime, e afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
perambular na rua um desgraçado
derramando na rua as suas dores?

É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento.
Juntando esta petição aos autos nós pedimos
e pedimos também DEFERIMENTO
Ronaldo Cunha Lima





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